domingo, 25 de março de 2012

Nossa última morada

Mais literários que um sarau de poetas, mais silenciosos que a nave central de uma Igreja em pleno sábado de aleluia, mais cheios de mortos que quaisquer hospitais, são os cemitérios, locais sagrados onde nossos corpos um dia repousarão distantes das vicissitudes deste mundo.

Lindos epitáfios os enchem de valor literário e moral. Ainda que eventualmente um ou outro não correspondam à realidade, é um gesto lindo expressar através de uma, duas ou três frases, tudo aquilo que foi aquela pessoa que desceu ao túmulo. As palavras fazem parte da alma, e ao morrermos, podemos deixar uma verdadeira lição àqueles que ainda possuem algum tempo na face da terra.

O silêncio da nossa futura casa é também "sepulcral" (permitam-me a redundância). A não ser os nossos futuros visitantes (e eventualmente o coveiro, se for do gosto dele cantar enquanto trabalha), nossos corpos repousarão na mais absoluta paz e silêncio.

E, claro, nossos corpos "compartilharão" as presenças de muitos outros. Uma multidão de defuntos a descansar até que o destino final chegue a seus restos mortais (a ressureição para os crentes, a destruição cabal do fim do universo para ateus).

Isto é o cemitério, nossa última morada. Para quem está fora dele, parece um local macabro, mas não há como fugir. Aceitemos nossa realidade material finita e sejamos sempre bons enquanto pisarmos nesta terra, para que um belo e verdadeiro epitáfio decore dignamente a nossa tumba.

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