quinta-feira, 8 de março de 2012

Diário de um Suicida - dia 2


10:00

Que calor. Estou indo para a Penha ficar com meu avô. Ele está internado, com câncer na próstata, mas seu estado de saúde é bom. Creio que será bom, pois poderei passar um tempo com ele que nunca tive a oportunidade de fazer. Desde que eu e meus pais nos mudamos que meu contato com minha família paterna tem sido escasso. Em verdade, faz um tempo que todo meu contato com o mundo tem sido escasso. O lobo tem assumido o controle mais que o homem, e sua aversão pela socialização é perturbadora. Por vezes me pergunto se é o lobo que vive em mim ou se sou eu que vivo nele. Enfim, chega de divagações, ainda tenho mais uma hora de viagem, vou tirar um cochilo.

22:00

O dia foi de extremo calor no hospital, mas agora de noite já está mais ameno. Conversei bastante com meu avô e estou satisfeito. Ele está muito bem, acredito que em breve sairá daqui. Já me acostumei com a rotina hospitalar, mas não sei se conseguirei dormir aqui. Atrás do hospital passa o trem, e sempre que ouço ele passar tenho algumas lembranças. Não trouxe nada para passar o tempo, e por isso passei todo momento solitário a pensar. Pensar demais é por vezes doloroso, e assim o foi hoje. Tive muitas lembranças e divagações. Tracei planos e articulei estratégias, para logo depois com um sopro lançar tudo ao vento. Saudades, muitas saudades. Isso não está me fazendo bem, é melhor tentar dormir.

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