domingo, 18 de março de 2012

Diário de um Suicida - dia 47

8:00

Que dia lindo faz hoje. Estou aqui na orla, como de praxe, mas não tenho mais motivos para chorar. Compreendi todas as mazelas, toda tristeza, dor e arrependimento. Nossa, foi tudo tão simples. Agora entendo tudo, e aceito. Estou pronto, pronto para me despedir de tudo. Antes gostaria de deixar registrado para aqueles que lerem este diário que a resposta está dentro de nós mesmos. Não existem guias, psicólogos ou milagres; feche os olhos, respire fundo, esvazie sua mente e relaxe. Medite, busque lá no fundo, e tu irás encontrar tua resposta. Quando dei por mim e encontrei minha resposta, nossa! Tudo tão belo! Descobri que sou o mais perfeito dos seres. E preciso evoluir. Minha felicidade não está neste mundo. Estou pronto para transcender.

14:00

Almocei, tomei banho, enviei para minha mãe uma carta com todas minhas senhas e movimentações bancárias e li pela última vez Hermann Hesse. Escolhi Knulp, pois sempre tive muito carinho pelo protagonista. Estou pronto. Liberei o gás e fechei todas as portas e janelas. Vou apenas deitar e dormir, e quando acordar, todavia.

Um comentário:

  1. Com um reticente "todavia", termina a saga do suicida errante. Quisera ele ter podido viver um pouco mais para aprender que, os erros trazem consequências nefastas mas, apesar disto, sempre há uma possibilidade de recomeço...

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