sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Pepe Legal

Pepe Legal:
É um burro ou um cavalo?
É um burro e um cavalo?
Ou um ignóbil animal?

Pepe Legal:
É um mal animal?
Ou um bom animal
Para quem ele deveria ser mal?

Pepe Legal:
Come alfafa em casa
Quer compartilhar com a égua,
Que prefere o curral...

Pepe Legal:
É um cavalo bonito?
É um burro bonito?
Não, é um animal legal...

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Que homem...


Que homem!
Bonito, sensual, inteligente...
Sua pele morena me atiça!
Seus lábios desenhados,
Suas pernas e coxas,
Que bunda!

Me amou e me deixou aqui.
Sedenta, desesperada,
A presa querendo ser abatida.
A criança querendo mais!

Este homem tem de ser meu,
Como ele tem poucos por aí.
Tentei de tudo.
Corri atrás, ignorei,
Fiz promessa a Santo Antônio...
Mas nada.

Fui no terreiro,
Matei um coelho,
E pedi para um guia amarrar.

Mas ele é de Jorge,
Sua armadura é forte,
Seu corpo fechado...
Impossível este homem laçar.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Escritos numa folha de árvore

Peguei uma folha de uma árvore da tua rua, 
Para que leias meus versos na folha nua
Que guardava tua alva pele da ensolação
Mas que não te pode guardar do meu coração

Gravo-me no verde natural que te cerca
Minh´alma, sedenta, de ti se acerca
Ainda que meu corpo jaza distante
Meu pensar é teu a todo instante

Lê tudo, e preste bem atenção
Não guardes o poema verde na tua agenda
Pois dele podes nunca mais se lembrar

Guarda tudo bem no teu coração
Usa-me para dele fechar qualquer fenda
Antes da valiosa folha secar



terça-feira, 28 de agosto de 2012

Um brinde!!!

Um brinde, caro amigo, um brinde!
À nossa singela perdição!
À nossa azarada imperfeição!
Às que nos disseram "não"!

Eu proponho este ingênuo brinde
À nossa capacidade de sentir dor,
Ao flagelo que não perde o ardor,
Ao nosso insistente torpor!

Um brinde, nobre irmão!
À Esperança disfarçada de desespero,
Ao inebriável aroma do destempero,
Ao desperdiçar imperdoável de nosso tempero!

Um derradeiro brinde, camarada!
Só mais este, para a confraria encerrar:
A elas, que em braços alheios estão a deitar
Enquanto nós brindamos a lamentar!

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Fim



Não estávamos lá,
Para enxugar a lágrima que rolava de nós dois.
Beijos, pessoas, corpos, lascívia,
Tudo foi bem servido,
Menos o amor.

As paredes, nuas, vazias,
Não temos retratos, sem sorrisos,
Só mágoas.
Mensagens telefônicas de desrespeito,
E o infinito medo de ficar só.

Apunhalamo-nos,
Cinquenta vezes?
Meu peito escorre meu rubro sangue,
E de minhas mãos o seu.
Somos ambos culpados...

A aguardada alegria se tornou sofrimento...
E depois?

Não há depois...

domingo, 26 de agosto de 2012

Um saco de farinha

Um saco de farinha
É apenas um saco de farinha
Mas com trabalho e dedicação
Ele vira um pedaço de pão

Um saco de farinha
É apenas um saco de farinha
Mas com amor no coração
Fazemos com ele um bom macarrão

Com um saco de farinha
Fazemos mil travessuras
E nesse meio tempo nem percebemos
Quantas gostosuras com isso perdemos

Dou-te um punhado da minha farinha
O suficiente para apenas um ato:
Jogarás na minha cara de modo infame?
Ou deixarás que eu te sacie a fome?

Se escolhes a segunda opção
Escute tudo com muita atenção:
Farás um pedaço de pão
Com a farinha do meu coração.

Mas se escolhes a primeira opção
E com a farinha me alvejas o rosto
Saibas que desperdiçastes o grão
Que lava, da alma, o desgosto.

sábado, 25 de agosto de 2012

Salve-me - Parte 6


Não demorou a chegarem no bar. O carro de Hélio estava lá estacionado, como havia sido deixado por ele na noite anterior. Hélio checou os bolsos e percebeu que estava sem as chaves, quando então lembrou que sempre deixava as mesmas com o barman, pedindo que este só lhe entregasse na saída caso estivesse em condições de dirigir. Entrou no bar e em menos de um minuto voltou com as chaves. "Vamos Rita, essa viagem prosseguirá no meu carro", e entraram então em sua tucson preta, imponente. "O que você precisava no seu carro?", perguntou Rita. Hélio não respondeu, apenas abriu o porta-luvas e retirou uma pistola taurus .380, carregada. Rita não precisou fazer mais perguntas. Estava obviamente assustada, e sentiu pena do marido, mas no mesmo momento num relance lembrou de todos maltratos que havia sofrido e aceitou a sentença que Hélio resolvia impor ao réu. "Ligue para o seu marido Rita, marque um encontro com ele". Rita apenas concordou, e ligou:

-Rita meu amor, onde você está?
-Eu vim para um bar...não me sentia bem, precisava beber, pensar.
-Sinto saudades coração, por favor, volta para casa.
-Não, agora não. Quero encontrar você para conversar.
-Conversamos em casa.
-Não. Me encontra dez da noite, na fonte na rua dos desenganos.

Então desligou o telefone. Eles tinham doze horas.






sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Amar é... Amar não é...

Entre divagações e reflexões,
Enquanto eu passeava a pé,
Pensava eu com meus botões:
O que é que amar é?

Dar as mãos a alguém
Ter um colo para descansar
Só isto não habilita ninguém
A dizer que sabe amar

Amar não é mera conveniência
Ter carinho ou alguém para beijar
Amar é um elo em essência
Que não pode e nem vai acabar

Pensava assim eu, tão centrado
Quando veio-me um questionamento:
Em alguma vez no passado,
 Amei, por um só momento?

Parei, já que era complicado demais
E pensei, entre devaneios medonhos:
Tu amas, se por alguém és capaz
De desistir de todos os teus sonhos






Não que esta pessoa assim te pedirá, mas a vida prega-nos tantas peças, que é aí, nesse exato momento, que sabemos quando se ama, ou quando não se ama...

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Titeriteira


Noite.

Luzes apagadas,
Risadas forçadas...
Estou só -
Solado em dó.

Deito-me,
Cubro-me...
Me dispo:
Da máscara,
Do cinto.

Você olha,
Mas não vê.
Você quer,
Mas não dá!
Acorde em lá.

Sacrifico-me,
Entrego-me,
Me dou.
Você quer?
Minha vida em ré.

É cruel.

Você faz cara,
De que não é com você.
Desmonta-me,
Somente para remontar,
Tudo fora do lugar.

domingo, 19 de agosto de 2012

A última pena

Coincidentemente, eis a última pena!
Usá-la-ei para escrever a última carta
É meu escárnio e repulsa ao hodierno
É meu desejo de ser eterno

A tinta é o sangue do meu dedo
Inspiração é a dor do meu peito
Porque não quero viver no hoje
E não posso voltar ao ontem

Esgotaram-se as chances de salvação
Contemplar a realidade machuca
Tentei tantas vezes lutar
Mas, sendo fraco, caí no tentar

Chega! Não dá mais!
Dou-me ao silêncio do vácuo
Por sonhar demais, sangrei
Afinal, já dizia o poeta:

"Nossas dores não advém das coisas vividas
Mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram".

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O gosto amargo do desprezo

Uma pálida estrela no céu
Cintila ofuscada por mil constelações
Cassiopéia não liga mais para ela
Está muito ocupada vangloriando-se às Nereidas

Uma pálida estrela no céu
Cai sobre nossas cabeças como um raio
Nós não ligamos mais para ela
Estamos muito ocupados fazendo desejos impossíveis


A torta é sempre mais gostosa nas nossas bocas
Do que numa vitrine, exposta aos glutões
Um passarinho na nossa mão é sempre melhor
Do que dois, livres, voando num dia de sol

Que sabemos nós?
Guardamos o gosto do trivial como ouro
E aspergimos desprezo no que não tocamos
Sem saber, ingenuamente nos condenamos
A provar o mesmo gosto amargo do desprezo
Na taça proscrita do desconhecido amanhã
E naquele dia, naquele dia, ó filhinhos
Desejaremos o mundo que não abraçamos
Quando escolhemos a mesquinhez do que possuíamos

Mas aí, será tarde demais:
A estrela cairá dissolvida no ar,
As Nereidas ainda serão as mais belas,
Nossos desejos serão apenas palavras pensadas,
A torta azedará,
O passarinho na nossa mão morrerá asfixiado...

E o gosto amargo do desprezo, esse sim
Voltará furioso, fazendo-se sentir ali
Nas papilas do desespero.

Confie


Sorria ao seu irmão,
Ao dar-lhe "bom dia".
Está pesado seu coração?
Já não há mais alegria?
Em seus amigos você pode confiar...
Basta seguir o que vou falar:

Entoe uma simples canção,
Notas simples e melódicas,
E um punhado de bons amigos,
Lhe acompanharão.
E quando estiver aliviado,
Não doer mais o peito,
Retribua a mão que lhe estendi...

Estou num turbilhão de memórias,
Não está sendo fácil para mim.
Enquanto não houver resposta,
Apenas sorria e acredite em mim.
Posso cair mais adiante,
Mas sabendo que está comigo,
Levantarei...

Esteja comigo em minha derrota,
E acredite, amigo,
Com você ao meu lado,
Eu vencerei.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Busca Caótica


A ti, amada, que repousas no futuro
Mantem-se calada em temporal orgulho
Tua face me é incógnita no espaço escuro
Idealizo-te bela, dentro de um embrulho

A noite, me falta teu toque
Ao dia, o calor de tua mão
A tarde, passeios no bosque
Na madrugada, teu corpo em ação

Minha pele pede arranhões
Crias das pontas de unhas tuas
Sem meias palavras, ou razões
Como em outrora, tuas coxas nuas

Queria o calor dos teus seios
Tu, deitada sobre mim, a me esquentar
Desconheço ainda os meios
Para, no amanhã, te buscar

Mas sigo a vida em paz
Com o coche atrás dos bois
Para não ser demasiado incapaz
De contigo chegar a ser dois.

domingo, 12 de agosto de 2012

Crônica: Botaram fogo no Botafogo!

Aos olhos de um espectador ingênuo, ver o plantel do Botafogo e sua colocação no campeonato pode não causar muito espanto. Afinal, a diferença entre o oitavo lugar e o quinto ou quarto lugar não é tanta que não se possa tirar em dois ou três jogos, e isso é de se esperar de uma equipe que possui nomes como Seedorf, Lodeiro, Andrezinho, Jefferson. O problema é que, por trás dessa densa névoa que turva a visão deste espectador, um assombroso incêndio, escondido, consome um clube que outrora encheu de glórias a si mesmo e ao futebol brasileiro.

Entra administração, sai administração, e os muitos problemas do Botafogo não conseguem ser resolvidos. Sempre há uma fumaça enganadora. Em 2007, "municiados" com nomes como Dodô, Jorge Henrique, Zé Roberto e outros, sofremos humilhações nas três competições que disputamos: dentre estas humilhações, uma improvável virada aos 45 do segundo tempo contra o River plate, que nos tirou da Copa Sul-Americana, e uma queda assombrosa de rendimento (popularmente conhecida como "paraguaiagem", termo derivado da designação "cavalo paraguaio", que significa, em hipismo, um cavalo que começa bem e logo depois fica para trás) no campeonato brasileiro.

De lá para cá, humilhações como estas aconteceram ano após ano, e haja visto o estado atual do Botafogo, parece-me que o processo continuará ad infinitum. A coisa ficou séria, muito séria. Montou-se um plantel que, segundo a diretoria do Botafogo, era "competitiva e capaz de brigar por títulos": a equipe alvinegra trouxe nomes como Andrezinho (sempre um destaque positivo enquanto esteve no Sport Club Internacional de Porto Alegre), o grande Clarence Seedorf (que mesmo com trinta e seis anos, ainda possui um futebol refinadíssimo), o bom meio-campista Fellype Gabriel e o garoto Vitor Jr, que começou bem mas que perdeu o bom rendimento dos primeiros jogos.

O treinador, Oswaldo de Oliveira, aplicou um sistema "linha-dura, mas compassivo" no clube. Escolhia a dedo os reforços e o modo de jogo da equipe de modo que se encaixasse com sua filosofia de trabalho. Foi aí que o gás começou a escapar, e bastaria apenas uma fagulha para o incêndio se iniciar. Vindo do Japão, Oswaldo parece ter ficado maravilhado com muitos nomes que ali jogaram e, por algum motivo, achou que seria possível que eles rendessem tão bem aqui quanto lá, esquecendo-se, porém, de que, em quaisquer critérios comparativos entre as duas escolas de futebol, o futebol brasileiro é infinitamente superior ao japonês, e que o nível aqui é o utro.

Fellype Gabriel e Vitor Jr jogaram lá, e foram indicações do Oswaldo. Até aí tudo bem: Fellype caiu como uma luva, e Vitor Jr começou bem. A partir daí, vieram também de lá Raphael Marques (dedicarei um parágrafo a ele em breve), e Amaral, um volante que fora observado por Oswaldo enquanto o treinador no Japão estava, mas que estava na reserva do time do Cruzeiro. Foi aí que pudemos ver, in loco, aqui mesmo na nossa terra, o desnível entre o futebol japonês e o nosso: para brilhar no Japão, basta ser um pereba com um pouco de sorte.

Comecemos com Rafael Marques: Um "artilheiro" do poderoso campeonato japonês, que tinha uma marca de "incríveis" 0.33 gols por jogo. Ou seja, a cada três jogos disputados pelo atacante, ele fazia um gol. Aqui no Botafogo, passados quatro ou cinco jogos que ele tenha disputado, não marcou um sequer. Vi o vídeo de jogadas dele no Japão. É de impressionar, bons dribles, passes, e um ou outro raro gol. Mas depois de ver o vídeo e vê-lo jogar, enchi-me de esperanças, pois quem sabe, indo ao Japão, eu mesmo possa virar um Pelé...

Amaral começou a jogar pelo Botafogo hoje, na partida contra a poderosa Portuguesa, contra quem nós... empatamos! E empatamos com orgulho! Sim, orgulho! Jefferson estava adorando quando as bolas sobravam para ele na pequena área e ele, maroto, deixava-a no chão até que um atacante da Lusa viesse correndo, quando ele a segurava. É bom lembrar que, a essa hora, o placar já estava 1 a 1, e no segundo tempo. Voltando ao Amaral, com menos de 30 minutos jogando pelo Botafogo, ele leva um cartão amarelo por uma falta ridícula. Acho que o Botafogo já me deu motivos suficientes para que eu chegue à conclusão de que Amaral é um caneleiro. Na maioria das vezes, só contratamos medíocres, mesmo...

E claro, como se esquecer do desmonte de nosso ataque no início do brasileirão!? Loco Abreu, insatisfeito com Oswaldo de Oliveira, pediu para sair porque Oswaldo, empolgado com um 4-5-1 que estava fazendo sucesso, o deixava no banco. Herrera, nosso atacante "mediano", mas sempre cheio de raça e muito mais eficiente em fazer gols do que Elkeson improvisado ou o nosso nipônico Rafa Marques, foi vendido a preço de banana para Emirados Árabes. Caio foi para o Figueirense (destino também de Loco Abreu), e Alex, da base, fora emprestado ao Joinville. Não tinhamos um setor de ataque dos sonhos, é bem verdade, mas era infinitamente melhor do que este remendo que Oswaldo e a diretoria do Botafogo ousam chamar de "ataque alvinegro".

E a nossa defesa!? Em 2011, Antônio Carlos e Fábio Ferreira foram considerados uma das melhores duplas de zaga do Brasil. Este ano, foram os responsáveis por uma "linda" marca: somos uma das defesas mais vazadas do brasileirão, e a defesa mais vazada do Botafogo dos últimos tempos, sinal de que 2011 foi algo como a "sorte de principiante" dos dois zagueiros, e que, de fato, eles não estão em condições de vestir o manto alvinegro, que já pertenceu a tantos jogadores honrados e de fibra...

E tudo isto acontece com a conivência da Diretoria. Contratações estapafúrdias como a do Rafael Marques (só um imbecil contrataria um atacante com média de gols de 0.3 gol/jogo no ridículo campeonato japonês) acontecem a borbotões desde muito tempo, e o Sr. presidente Maurício Assumpção tem a perfídia de dizer que monta um time para brigar por títulos. Um absurdo e um desrespeito à nação alvinegra, que tem que lidar com a decepção contínua, domingo a domingo, quarta a quarta, e com as gozações dos adversários (que, diga-se de passagem, estão todos muito melhores que o Botafogo, exceto o Flamengo, que embora esteja em má fase, já dá sinais de melhoras). Enquanto isto, o Sr. Maurício Assumpção ri e engana o torcedor, quando contrata nomes como Lodeiro e Seedorf achando que a torcida esqueceria que esses nomes, sozinhos, não vão dar jeito na equipe, e que não será mais preciso contratar atacantes ou zagueiros, pois o que temos é "digno e competente para buscar títulos".

Eu sinceramente não sei o que fazer. Meu amigo Thiago e eu somos botafoguenses desde a infância, assistimos o Botafogo derrotar o Peñarol na Copa Conmebol de 1993, o Botafogo sendo campeão brasileiro de 1995, campeão do Torneio Rio-São Paulo de 1998 (que à época era até mais valorizado que os estaduais). Não há mais o que fazer. Os torcedores sabem o que está acontecendo, mas nada é feito. A diretoria, em particular o Sr. Anderson Barros e o Sr. Maurício Assumpção, destroem o Botafogo com sua gerência desastrada do setor de Futebol do clube. Divulgam felizes os bons resultados em outros esportes, divulgam radiantes as boas campanhas de marketing. Mas como fazer marketing de um time com espírito perdedor? De uma equipe com alma amarela? De uma camisa que, outrora gloriosa, virou sinônimo de chacota e desrespeito? Hoje, a torcida da Portuguesa nos chamou de "timinho", ao perceber os esforços dos nossos atletas em fazer "cera", para que a partida terminasse logo e o 1x1 se configurasse. Incrível. Garrincha move-se furioso em seu jazigo.

Creio que resta a nós o protesto. Ou quem sabe, uma ação enérgica, como o povo que derrubou o Rei Luis XVI, decapitando-o na guilhotina e espalhando o terror sobre uma Paris que necessitava de mudanças. Será que atitudes só serão tomadas quando torcedores, tomados de fúria, darem tapas na cara dos jogadores sem alma e incompetentes? Ou quando jogarem rojões sobre o campo de treinamento? Eu quero muito acreditar que não. Quero muito! Não é possível que tudo ficará do jeito que está, e a Diretoria não faça nada. Isso não é amor pelo Botafogo: Isso é ódio, é desprezo, tudo velado por um competentíssimo Marketing, que leva milhares ao Engenhão para ver a apresentação do Seedorf, mas que já viu outros milhares torcedores de nossos rivais comemorando títulos em nosso estádio primeiro que nós.

Meu caro e bom amigo torcedor botafoguense. Peço encarecidamente que você divulgue este texto, como forma de protesto, e concientização da torcida: O Botafogo não são aqueles desalmados que governam e que estão jogando as partidas com o manto. O Botafogo somos nós! Se não nos mostrarmos nossa insatisfação diante dessa balbúrdia que acontece em General Severiano ano após ano, nosso destino é nos solidarizarmos com o América, o Bangu, e deitarmos no leito de morte daqueles que um dia foram grandes, mas que hoje são pequenos, e pequenos com um infeliz orgulho.

Na Teia



Já lancei minha teia,
Preparei a armadilha.
E com veneno na veia,
Te faço abrir minha braguilha.

Você se debate, mosquinha,
Mas só se grudará mais.
Não dói, só cosquinha;
No fim dirá: Quero mais!

Vede, não é bom?
Um doce calafrio na espinha.
Geme baixinho, grita não,

Não acorde o mendigo da esquina.
Agora és minha criança, está na teia,
Presa como presa, vítima perfeita.

Elucubração poética sobre o espaço e o tempo


Ontem à noite, pensava eu solitário
Que, se desloco-me a outro lugar
E logo após faço o contrário
Ao local de origem não irei voltar

Tudo está mui claro, agora:
Não fui só eu que andei,
Todo o universo  foi embora
Do ponto inicial que calculei

Mas a estrada universal é outra
Enquanto o cosmos eu atravesso,
Ele mesmo, ágil tal qual a lontra
Por misterioso mar acha seu acesso

Ao leitor desatento, a dica é esta:
Vemos o andar universal em nossos pulsos
E no final, tudo acaba em festa
Onde dançam, animados, os fusos

Assim, é revelado o resultado
Desta poética elucubração
Nesta cama onde estou sentado
Antes nunca estive, suspenso do chão.

sábado, 11 de agosto de 2012

Salve-me - Parte 5


O toque do celular de Rita fez com que ela despertasse do transe, do momento que estava passando com Hélio. Ela pegou o aparelho para ver quem ligava, olhou por um tempo, e depois desligou o aparelho, sem atender. Voltou a deitar no colo de Hélio, pensativa, aflita, perturbada. Hélio a observou atentamente e percebeu que uma lágrima tímida rolava de seu olho. Antes que pudesse indagá-la do que estava acontecendo, ela falou: 

- Era meu marido. Eu fugi de casa na noite passada. Sem saber para onde ir, fui para o bar onde te encontrei. Ele é muito violento, estou cansada de seus ciúmes infundados, das agressões, de tudo. Ele está atrás de mim, e não sei o que fará quando me encontrar.

A princípio Hélio sentiu medo. Não queria ser alvo de marido ciumento. Mas em seguida se compadeceu de Rita. Não podia deixá-la a mercê da fúria do marido violento. A vida, na verdade, não era mais algo que Hélio gostaria de preservar a todo custo. Então Hélio falou, "Quando nos encontramos você fez um pedido, salve-me, e eu vou atendê-lo". Hélio então se levantou, estendeu a mão para levantá-la e se dirigiu ao carro, "Vamos voltar para aquele bar onde nos encontramos, preciso de algo que está no meu carro".





quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Apenas mais uma noite azul...

É difícil buscar uma palavra
No vasto vazio do ser
É negro o abismo da alma
Sempre após o anoitecer

Todo desejo é vão
Quando o sentido de tudo é escasso
É complicado viver com o "não"
Quando tudo parece um erro crasso

A lua ilumina o canto do quarto
Enquanto alguém ali deita, tristonho
São como as intensas dores do parto
As dores de quem já não é tão risonho

Soaram acordes do velho violão
Um esboço de letra se ouviu
Tentou ser doce como um melão
Mas ninguém desfruta do que não viu

É nesta noite, pintada em azul
Que o vazio virou troféu
E que os ventos que vêm lá do sul
Levem este canto ao sétimo céu

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Andarilho


Cansei de ser andarilho,
Caminhando nas noites sozinho.
Eu quero um lugar para voltar,
Algo que possa chamar de lar.

Eu quero uma mulher só minha,
Que me aqueça na noite fria;
Eu quero uma caneca de hidromel,
E ao meu lado um cão fiel.

A noite escura, sombria,
Por tempos me fez companhia.
Mas agora é hora de voltar,

Onde você estará?
Acenda o lampião, mande um sinal;
Dê ao meu sofrimento um doce final.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Vendeta suburbana

A dor foi demais, o peito aberto me era insuportável
Cadavérico, eu apodrecia detrás de um sorriso afável
O poço era muito extenso, mas consegui dali sair
Acabou! Agora é o tempo da minha vingança existir

Homérica, maquiavélica
Insana, divina

Estou à espreita, vigiando-te dia e noite
Escolhendo o lugar certo para o açoite
Já te envio meu presente em doses pequenas
Deixo-te viver com a generosidade dos mecenas

Por enquanto... ainda
Não estás... no fim da linha

Passarão anos, ou até décadas a fio
Até ver teu corpo inerte solto no rio
E eu rirei, bebendo teu sangue com vinho
No cálice etéreo da mente, que eu imaginei sozinho

Tic... Tac...
Tic... Tac...