quarta-feira, 30 de maio de 2012

Fobia

Fobia: Medo e pavor descontrolados.

Um aracnófobo avista uma aranha e, sem controlar o medo, foge dela como se estivesse para morrer
Um claustrófobo, envolto num espaço pequeno, definha-se num desespero que pode resultar num desmaio.

Eu nunca vi alguém sair correndo ao ver um arco-íris. Neologismos estão sendo criados com sentido deturpado...

Violência, qualquer que seja, não é igual a medo ou pavor. É um estado de espírito completamente distinto, não se pode associar atos de violência com o termo "fobia", sem que se esteja movido por uma ideologia de fundo.

Por conseguinte, os criadores de neologismos sem sentido estão sendo movidos por uma ideologia que paga violência com violência dobrada, beirando ao fascismo colorido.

Violência não é legal. Fascismo também não. Ideologia que deturpa, menos. Respeito é bom e todo o mundo gosta. Mas se até o respeito é condicional, a aceitação é muito mais. Leis não podem forçar a aceitação.

Respeito sim, arbitrariedade não.

Quem tem mente para entender, que entenda.


terça-feira, 29 de maio de 2012

Colar de Rochas


Um belo colar,
Lindo ao olhar,
Um homem lustrou,
O chamou de amor.

Vida própria quis,
O homem não quis!
E ao dizer "não!"
O jogou no chão.

Colar se quebrou?
Espanto geral!
As contas, caros,
Não eram cristal.
Eram de rocha!
Mais forte que o tal.

domingo, 27 de maio de 2012

O Sacrifício do coelho

Passava um viajante, quase morto e faminto, que sucumbiu à fraqueza
Um urso, uma raposa e um coelho foram testemunhas do fato
Todos se compadeceram do pobre coitado, todos em profunda tristeza
E foram, um a um, buscar ajuda para o homem, num ato sensato

O urso mergulhou no rio, atento ao seu redor
Tomou um peixe com a boca
Do jeito que sabia de cor

A raposa entrou por entre os arbustos
Tomou um cacho de uvas de um galho farto
O mais delicioso dos frutos 

O coelho olhou para todos os lados, e nada via
Apenas um bocado de galhos queimando, envolto numa chama ardente
As uvas e o peixe, para a fome do viajante, eram de pouca valia
Atirou-se então no fogo, oferecendo sua carne sacrificialmente

Só seu



Não exijo muito, me contento com pouco,
Mas o pouco que peço, não dá para você.
Me apaixono fácil, me tomam por louco,
Faço tudo que faço, e você não vê.

Nesta nossa vida, tudo que queria,
Era poder um dia, te fazer sorrir.
Mas você me disse, que não bastaria,
Mas não me negou, quando chamei para sair.

Perdi-me em seus braços,
Em amor embriagados,
Eu me tornava seu, seguindo nos embalos.

Eu era o seu cãozinho, só queria seu carinho,
E meu mundo desabou,
Quando disse: "Não sou só seu."

sábado, 26 de maio de 2012

O Jardineiro



Faz tempo, havia um jardim.
Dele cuidava um nobre jardineiro,
Do girassol, da rosa, do jasmim.
Quanto zelo! De janeiro a janeiro.

Um dia, sem explicação,
O jardineiro se adoentou.
Carecia de cuidados, uma observação,
Mas quem dele cuidou?

AS flores imóveis em seus lugares.
O jardineiro definhava,
Quem se importava?

O jardineiro morreu.
O girassol, seguiu sua rotação.
E o jardim? Nenhuma comoção.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Rabugento e ranzinza


Rabugento e ranzinza
Caminha pela rua
Chutando cachorros
Empurrando velhinhos

Rabugento e ranzinza
Desaforros sussurra
Espalhando esporros
Dificultando os caminhos

Todos a correr
Cada minuto é um tormento
Ao lado do rabugento

Foi-se a alegria de viver
A vida é mais cinza
Ao lado do ranzinza

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Projeção


Fecho os olhos,
Respiro fundo...
Expiro.
Tento esvaziar a mente,
Pouco a pouco.
Ouço o barulho do mar,
As ondas quebrando.
Sinto seu cheiro.
Pouco a pouco,
Como uma fumaça colorida,
Minha essência,
Abandona meu corpo.


Já não estou mais aqui,
Não aqui dentro.
O corpo fica,
A alma sai.
A linha tênue,
Preciso cuidar,
Para que ela não se rompa.
Fisicamente estou longe,
Mas meu espírito,
Já está,
Aí.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Sem mais palavras

A brisa suave da manhã deixa-me sem palavras...
A neblina fria, que rasga a pela e congela o sangue, deixa-me sem palavras...
O caos da cidade, que causa tanto desconforto, deixa-me sem palavras...

O mar salgado, cheio de vida e beleza, deixa-me sem palavras...
A multidão, que perambula aleatoriamente, deixa-me sem palavras...
O infeliz comboio lotado deixa-me sem palavras...

E ainda assim, eu falo, mas só falo porque arranco ferozmente as palavras da alma.
Ainda assim eu penso, mas só porque tenho consciência da necessidade do equilíbrio.
Ainda assim eu imagino, mas só porque sem isto é impossível viver.
Ainda assim eu amo, porque só assim é possível manter a integridade total do ser.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Ensaio



Pelas ladeiras de Santa Teresa,
Descemos cambaleando.
Tu a fera, eu a presa,
E a libido ia aumentando.

Só neste bairro pitoresco:
Uma doida com sorriso malicioso,
Discípulo de Bob querendo isqueiro,
Rapaz cantando em aramaico, que misterioso!

Adormecemos fatigados,
Pelo sexo insaciável,
Que se dá entre nós dois.

Tu, insone, arredia,
Pela noite vigia,
Curiosa, derruba quadros.

domingo, 20 de maio de 2012

Yo-ho-ho

Yo-ho-ho! E uma garrafa de Jägger!!
Nosso amigo, tão mudado, brindava!
Valdir, malandro como o Zé, distribuía as bebidas
E nós, envolto a doces, preferíamos o álcool do nosso amigo!

Pensar, em que? A vida é toda errada, mesmo!
Vamos comemorar, e brindar, e cantar!

Yo-ho-ho! E uma garrafa de Jägger!!!
Cantávamos alto, e os clientes da loja se escandalizavam!
Até que vieram uns guardas, e expulsaram nosso amigo a pontapés

E nós, escondidos, tomávamos o nosso Jägger
E quando os guardas viraram as costas, nós os tomamos de assalto
Liberamos nosso bom amigo Valdir e novamente nos pusemos a cantar:

Yo-ho-ho! E uma garrafa de Jägger!

Move, move, move!


A morte vem rápido!
Mexa-se homem, viva!
Não olhe para trás, não!
Caminhe comigo, vem...
Vede? Se parar, pegam!
Aquele moribundo,
Que carregava ouro:
Morto com Cristo!
Pegue sua bagagem,
Siga-me até ali.
Pensas que já é o fim?
Aqui é onde tudo,
Começa novamente,
Ao menos, para mim.

sábado, 19 de maio de 2012

A conta do Papa



Sinto-me tão machucado.
Por muito tempo estive de pé,
E agora, já não suporto a dor, os cacos,
Penetraram tanto em minha pele...já são parte de mim.
Caio de joelhos e choro...já não sei mais o que fazer.
Onde está você? Pensei que estivesse ao meu lado...
Há dois segundos estava aqui, e agora?

Minha mente está a mil...me perturbo facilmente.
Você pensa que só tu tem seus momentos?
Também tenho os meus...
Sou manso e de fala branda, mas
Já viu o que acontece quando Shaka abre os olhos?
Eu te elevei, você fez questão de me rebaixar.
Não é o fogo que me consome, é mais que isso...

Já estou em outro universo.
Tudo se foi, tudo ficou para trás.
A conta do papa está ficando enorme.
Frustrações, tristeza, futilidades, inutilidades...
Tudo lá.
O que vejo adiante é um espelho?
Estou calmo e tranquilo agora...vou recuperar minha essência.
Sinto que poderei sorrir novamente.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Proscrito

Sou eu, fora da lei, cuspindo nas suas regras inúteis
Seu totem representa o legalismo tolo dos exageros
Quem poderá seguir teus medos fúteis?
Quem se compadecerá dos teus desesperos?

Ficarei à espreita, observando-te dia e noite
Como levas as coisas ao extremo
Como mandas a paz alheia ao açoite
A forma como chegas ao terror supremo

Proscrito, ainda sim permaneço ao redor
"abusum non tollit usum"¹, é o que te digo
Teus passos eu já sei de cor
Não quero, entretanto, tornar-me teu inimigo

De modo que, acalme-se em teu trono
O mal que fazes não é aos plebeus, mais ao reino
Se não te comportas como súdito, e sim como patrono
Te falta, apesar da idade, mais vivência e treino




_____________________
¹:O abuso não tolhe o uso

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sex on fire


Ela estava na lua.
Saudava Netuno, Marte, Plutão...
Eu estava em Vênus,
E queimávamos como o sol.
Ela tinha um caso de amor com a febre,
Sempre estava quente...

Caminhar pelas estrelas com ela...
Nunca experimentei tal experiência.
É como uma epifania, que
Suavemente toma todo meu corpo...

Deito ao lado dela,
Meus olhos vidrados, tentando
Enxergar além dali, distante
É para onde ela me leva,
Com suas chamas avassaladoras.
Sou consumido lentamente,
Pelas palvras que ela transpira.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Poesia Esquizofrênica 4

Chefe bicha, chefe bicha
Viaja tanto que até espicha
Planalto Central, cheio de bebedeira e bacanal

Vinte vasos de vinho para vinte vices VIP's
Na trave de novo, perdeu-se o troféu feito pelo ourives
Campeonato nacional, cheios de perebas e pernas-de-pau

Suma daqui, com tua piedade impiedosa!
Eu não preciso do teu mel,
Depois de tantos anos bebendo o teu fel!

Vai para o teu lugar, vai sentar lá no garfo do demo
Ou então, lá no colo do Nemo
Afinal, você sempre gostou dos campeonatos de remo

Lider veado, Lider veado
desafina tanto, que parece um disco arranhado
Capital do Brasil, recebendo sacripanta vil


terça-feira, 15 de maio de 2012

A morta Liliana Crociati


Minha doce filha,

Como farei agora sem sua presença aqui?
O Senhor a levou muito cedo, devota filha...
Sua mãe, coitada. Não consegue se levantar.
Vinte e cinco anos semi-completos, onde você está?
No fim da tarde, olho para a porta, e o coração bate forte!
Penso que a qualquer momento regressará,
Dos seus passeios com seu fiel escudeiro: Sabu.
Que cão fiel! Fez luto por 3 dias e 3 noites por ti,
Depois, simplesmente cessou de viver, para te encontrar.
Queria poder fazer como ele, e abandonar a vida,
Poder te encontrar...mas não posso.
Tenho tua mãe e irmãos para cuidar...mas me espere,
Não demorará e me juntarei a ti,
Nos pés do Senhor, sob a proteção da Virgem.
Pedi a um escultor para fazer uma estátua sua,
Ao seu lado, Sabu, fidelíssimo.

Maldita avalanche! Morta na lua-de-mel!
Que desgraça minha filha...o desespero me toma,
Não consigo ficar sem verter lágrimas por ti.
Todo dia levarei para ti uma flor,
Lá onde descansará de agora em diante,
Na Recoleta, minha filha, meu amor...

domingo, 13 de maio de 2012

Marca


Olha o braço
O arranhado
Que a menina
Fez com a unha
Vinha a noite
Todinha nua
E me amava
No meio da rua

De nihilo nihil

Eu estou ali, atrás de todos... com olhos fechados...
Poesias recitadas para poucos... o resto rumina de ouvidos cerrados...

Violinistas tocam o requiem, concentrados... Todos ouvem, admirados...
É gente para todos os lados... Hipócritas choram, desajeitados

O canapé enche a barriga... Vestidos e ternos enchem os olhos
Aí vem a minha amiga... Com uma bandeja de nachos e creme de cebolas e alhos

Silêncio! Vem aí o locutor... Com o envelope na mão
Alguns estavam em profunda dor... Até que minhas palavras alcançaram-lhes o coração:

"Deixo:


Aos que me amam, a minha memória e eterno amor;
Aos que me odeiam, a minha vitória;
Aos que me foram indiferentes e agora por isso sofrem, a minha cruel lembrança;
Aos indiferentes que não sofrem, a reciprocidade;
Aos que não me amam, nem me odeiam, e tampouco me são indiferentes, mas que se lembram com carinho de mim, meus agradecimentos;
Aos que não me conhecem e vieram apenas para comer e beber; meus desejos de que, quando estiverem em meu lugar, outros façam convosco o que fazeis comigo no dia de hoje;
Aos que vieram porque são curiosos o suficiente para virem ouvir as minhas póstumas vontades, a dúvida, a confusão, e quem sabe o desapontamento;


E de todos estes, sejam os bons transformados em meu tesouro. Estes, não deixo como herança a ninguém: levo-os comigo no coração para a eternidade e, chegada a hora de vocês, os terei perto de mim.


Assim seja feito"


No coração de cada um havia uma lágrima... todos em pranto, consternados:

Os que me amam, enchiam-se de mais amor e de saudades;
Os que me odeiam, lamentavam não poder me odiar mais;
Os que me foram indiferentes e agora por isso sofrem, ardiam nas chamas do arrependimento irremediável;
Os que me foram indiferentes e assim prosseguiram até ali, ali passaram a me amar;
O mesmo aconteceu aos que não me amavam, nem me odiavam, e tampouco me eram indiferentes;
Os penetras e interesseiros saíram correndo de vergonha;
E, por fim, os curiosos descobriram a futilidade da sua vã curiosidade;

Nada pode sair do nada, nem nada pode virar o nada... Mas pelo amor, do nada sempre pode surgir algo bom.

sábado, 12 de maio de 2012

É bicho, é bicho...

Quando te vi, tentei te abraçar.
Você se desvencilhou, evergonhada,
Dizendo, baixinho, assim:
"É bicho, é bicho,
Não pode, não pode..."
Eu ri, conquistado,
Por seu jeito inocente fui laçado.
Tentei então tocar seu rosto,
Mas você, como verdadeiro animalzinho,
Deu tapinhas em minha mão.
Me apaixonei por seu jeitinho,
E agora estou enfeitiçado,
Um louco perdidinho.
Deixe-me ser aquele bem,
Que te tirará do mal.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Energúmeno


Se em um monstro verde eu pudesse me transformar

Ainda assim não seria possível ver claramente a minha ira
Se, na antropomórfica visão dos deuses gregos, um raio sob a terra se espalhar
Não ferirá todos os meus algozes, a quem quero que um raio fira

Aqui é necessário o entendimento:
Se a reciprocidade da benevolência não se desenvolve
O energúmeno em mim torna-se um essencial elemento
Que me toma, e à minha bondade envolve

Estou com todos, a cada dia
Até o fim dos meus tempos
Observo e ajo como se todos fossem meus irmãos

Estendo a mão sem discriminar estranhos ou família
Até que me façam parar os ventos
Ou até que já sejam inúteis as minhas mãos

terça-feira, 8 de maio de 2012

Succubus


Jeito meigo, voz doce e angelical,
De forma alguma representava o mal.
Foi suave e me enfeitiçou,
Com seu beijo me deixou em torpor.

Quando se despiu, não pude acreditar:
"Que corpo esplêndido!"
Era só o que eu podia pensar.
Me convidou, estendendo o véu do amor.

Abriu as pernas, não resisti...
Chupei seu fruto, quente e molhado, oferecido a mim.
Ela se pôs a urrar como animal,

E em minha carne, cravar sua garra infernal!
Tirou pedaço, mas algo mais ela levou,
A minha alma. Sou um escravo a seu dispor.

domingo, 6 de maio de 2012

Vórtex


Caio no Vórtex desequilibrante, do extremo irreal surrealista
Vejo pensamentos explodidos, cujos cacos espalham-se em cada rincão
Em um minuto, mudo meu peso em toneladas, sem deixar pista
O 'talvez' vira 'nunca', o 'de vez em quando' vira 'não'

Parece um cone de luz: Relativisticamente louco
Preconceitos devoram a carne do incauto como larvas famintas
Toda a desgraça no Vórtex é pouco
A luz da miséria cresce em proporções infinitas

Caio no estranho fenômeno quase à velocidade da luz
Vejo meus sentimentos em metamorfose
Percebo meus conceitos evoluírem

Até seu final, sua hipergravidade me conduz
Doenças são curadas, fantasmas tomam posse
Até meus átomos, super esmagados e muito mudados, decaírem.


sábado, 5 de maio de 2012

Anjo



Tenha certeza, ouvindo sua canção,
Não duvido de que vale a pena esperar.
Você me dá a necessária distração,
Tenho fé na mudança que tudo resolverá.

Agracie-me, minha musa,
Com aquela segunda chance.
Gastarei todo meu tempo, sem dúvida,
Para que esta graça eu alcance.

Ouço sua canção ao deitar,
E é sua voz que ouço quando acordo.
Em meu peito um altar a ti devoto.

Estou agora nos braços de um anjo;
Deus ouviu meu clamor...
Te peço, não chegue tarde, por favor.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Seja feliz

Há muito eu desisti, mas só agora levantei a bandeira branca
Talvez por um leve desejo de tudo sofrer uma reviravolta
Mas não há porque esperar, a realidade é pura e franca
Não faz sentido esperar, de quem nunca esteve aqui, a sua volta

Então, minha cara, seja feliz com quem te apetece
Quebrei o ídolo que fiz à tua imagem e semelhança
E retirei os cacos do meu altar: fato da vida, acontece!
Onde não há reciprocidade, não pode haver esperança

Não há remorso, nem rancor, apenas uma vida que segue
Não mais à tua sombra, mas livre para voar
Querendo uma felicidade como a tua lograr

Deitado na minha cama, fecho os olhos e faço uma prece
Pedindo ao Divino não que me arrume alguém para amar
Mas que me transforme em alguém digno de se admirar 

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Diga xis



Agora podemos rir, o pior já passou.
Apesar dos imprevistos e contratempos, estou aqui.
Você lembra de como tudo começou?
Não imaginei que chegaria a ti.

Encontrei-me para me perder em seus cachinhos,
E fui guardando para ti tantos carinhos,
Que no primeiro momento que ficamos sozinhos,
Ensaiamos nossos primeiros beijinhos.

O tempo praticamente voou!
E entre pedaços de pizza e uma noite clara,
Você me contava histórias da Gambiarra.

É uma pena que tudo acabou,
Mas você tem meu perfume e marcas para mostrar,
E eu tenho no peito o sincero desejo de voltar.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ventos do Norte




Os ventos do norte traziam, afiados como uma navalha, o frio intenso
E minha pele era rasgada pelas lâminas de ar em baixa temperatura
A solidão causava-me um ardor imenso
Confundiam-se, ali, o desespero e a amargura

Mas tu chegastes e, com ternura tratastes minhas feridas
Por fim tomastes minhas mãos e me beijastes os lábios
Dama da pele branca, tal qual a neve que caía nas ruas
Meu remédio foi teu carinho, teus conselhos incrivelmente sábios

Tudo aquilo era tão novo, e ao mesmo tempo tão antigo
As luzes fascinavam-me em dobro, ao caminhar contigo de mãos dadas
Minhas cicatrizes eram medalhas de bravura, o frio era agora meu amigo
E o enigma do destino, longe de ser um desatino, parecia apenas um conto de fadas

Mas não, ali tudo era real, fascínios verdadeiros
Desde o floco de neve que, por vezes me cegava
Até o exotismo das ruas, dos pedintes, dos luzeiros
Da dama de pele alva que com seus beijos me amava