sábado, 10 de março de 2012

Diário de um Suicida - dia 23


9:00

Passei a noite com meu avô. Ontem ele estava bem, mas hoje pela manhã estava meio aéreo, meio distante. Tive um mau pressentimento que me deixou muito triste. Espero que seja algo passageiro, efeito de algum novo medicamento. Seus membros estão inchados e ontem tiveram que furar seu pescoço para colocar o soro. Tive pena. Após tentarem furar diversas vezes as veias do braço que partiram para o pescoço. Eu vi tudo, e senti em mim a dor ao ver seu rosto contorcer-se ao ter o pescoço furado por diversas vezes. Esta noite consegui dormir, mas estou um pouco quebrado. Saí mais cedo do hospital pois vou encontrar uma amiga. Ela fará um exame em Madureira e pedi para ir junto, para poder revê-la. Nossa história não é longa, mas já teve seu esplendor. Isso me lembra uma fala do curta "Faubourg Saint-Denis": "Nossa primavera foi... foi maravilhosa, mas o verão acabou agora e deixamos passar o outono. E agora, de repente, está frio, tão frio que tudo está... tudo está congelando. Nosso amor adormeceu e a neve pegou-o de surpresa. Mas se você adormece na neve, você não sente a morte chegando". Nossa morte chegou cedo demais, e agora nosso amor está morto.

20:00

O dia foi cansativo e triste. Cheguei tarde e só consegui dormir. O encontro com minha amiga não foi nada bom. Talvez tivesse sido melhor não ter ido. Creio que seja hora de se despedir do passado e abrir as portas para o novo. Mas não é tão simples assim se desprender de tudo. Preciso aceitar as coisas, e seguir dizendo meu novo mantra, "Welcome".

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