segunda-feira, 5 de março de 2012

Cicuta Socrática

Humanos, ó Humanos!

Que luta implacável tendes com teu inexorável destino! Que insana sina que tendes quando vos passa pela cabeça a idéia da imortalidade material! Não vês que és pó, e ao pó has de retornar?

Humanos... Por qual motivo vosso olhar permanece na superfície, ao invés de ir até as profundezas do ser? Não vês que sois sangue, sois coração, sois fígado, sois pulmões, sois rins, sois ossos, sois cérebro? Acaso crês que estes órgãos são de aço indestrutível?

Ó, humanos... Do mais saudável dos homens, ao mais moribundo deles, ninguém está a salvo. Nossa transgressão nos trouxe a fragilidade e a vulnerabilidade à enfermidades, aos acontecimentos tristes e fortuitos, aos acidentes, à violência... A cicuta socrática está permeada no ar, e num único instante independente da nossa vontade, ela invade a nossa boca, o nosso estômago, o nosso corpo, e aí pronto! Está feito e consumado o final da nossa existência material.

Sócrates, aquele que provou de bom grado a cicuta socrática, ensinou-nos que a nossa derradeira pena já está em curso. Ela não pertence à velhice, pertence à vida. Ensinou-nos também a solene lição: "Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás a Deus".

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