
A salada musical que Serj Tankian nos oferece em "Harakiri" traz uma boa influência de punk rock/hardcore, uma colherada de Heavy Metal, sons eletrônicos, levadas que em princípio nada tem a ver com o bom e velho rock n' roll, melodias altamente marcantes e arranjos bem interessantes, além da sua potente, melodiosa e agradável voz. É como se ele tivesse aprimorado a veia rock n' roll que ele mostrou em "Elect the Dead" e usado a sua "alternatividade musical" na medida certa, ao contrário do que fez em "Imperfect Harmonies", que é um álbum tão alternativo que é, a exceção de duas ou três boas músicas, muito difícil de engolir.
O novo petardo de Tankian começa então com "Cornucopia", que é aberta com um interessante arranjo de guitarra. É uma boa faixa de rock alternativo, que bota muitas bandas afeiçoadas a este rótulo no chinelo. A segunda faixa é o primeiro single do álbum, "Figure it out", um hardcore ora alternativo, ora um pouco puxado para o heavy metal, e apesar disso, com vocais muito melódicos e uma crítica ferrenha ao capitalismo, atacado na figura dos CEO's (chief executive officer, ou diretores executivos, que são nada mais nada menos que os 'cabeças' das grandes companhias multi-nacionais).
Harakiri segue com "Ching Chime". Uma verdadeira 'maluquice musical', mas que é tão deliciosa que é impossível ouvir só uma vez: ela pode fazer você repeti-la umas duas vezes para prestar atenção nos muitos detalhes que a música oferece, além do refrão, que é carregado por uma melodia tão forte que fica no ouvido. É notável nesta música a influência da música oriental, que Serj sempre fez questão de adicionar às músicas do System of a Down. "Butterfly" segue a tendencia de Serj a explorar, neste álbum, o hardcore, mas sempre com o senso melódico e incomum que lhe é característico.
Chega, então, a faixa título, "Harakiri". Com uma letra forte (sobre a relação intempestiva entre o homem e a natureza, e o consequente desequilíbrio ambiental) e uma melodia arrebatadora, esta música simplesmente conquista. É uma canção para ficar na cabeça e ser cantarolada enquanto se pega um ônibus, ou enquanto se trabalha. Em minha opinião, a melhor canção do álbum.

Na primeira vez que escutei "Harakiri", tive uma péssima impressão. Achava que, tal como em "Imperfect Harmonies", apenas umas 3 ou 4 músicas prestavam. Mas eu estava enganado (não a respeito do "Imperfect Harmonies"!!). "Harakiri" tem o seu valor, traz a genialidade moderna de Serj Tankian e certamente, enquanto nós fãs aguardamos a volta triunfal do System of a Down aos estúdios para compor um novo trabalho, satisfará nossos ouvidos com todo talento e criatividade do frontman de uma das bandas mais controversas e importantes da cena rock/metal dos anos 00.
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