terça-feira, 11 de setembro de 2012

Salve-me - Parte 9



Hélio acordou com o barulho irritante do telefone. Meio grogue, com uma leve dor de cabeça, atendeu, "Senhor, o período acabou". Então se lembrou de tudo. Olhou para a mesinha onde o telefone estava e viu um frasco de rivotril. Estava tudo explicado. Sentiu o cheiro de Rita, mas ela não estava lá. Olhou o relógio e viu que eram 22h, a hora que haviam marcado com o marido de Rita! "Senhor, vai continuar com mais um período?", "Não...mande a conta", "Houve consumo no frigobar?", "Não...nada". Desligou rapidamente o telefone e se arrumou no exato momento que o garçon tocou a campainha. Pagou em dinheiro, não esperou o troco, e saiu apressadamente. 


Estava próximo do local onde haviam marcado com o marido de Rita, e preferiu então ir correndo do que ir de carro. Não tardou a chegar lá. Ao longe, avistou os dois. Estava longe para ouvir, mas pôde interpretar pelo movimento dos lábios de Rita que ela dizia "Não vou voltar". A reação do homem, um cara alto, loiro, cabelos curtos, em forma, foi de voar no pescoço da mulher. Tentou enforcá-la, mas ela puxou uma faca que escondia na blusa e atacou, mas sem ferí-lo. O homem, assustado, golpeou-a no rosto, fazendo com que ela caísse no chão. Afastou-se e puxou uma arma que estava guardada na cintura. Apontou para ela e se deteve. Hélio chegou naquele momento, mas percebeu que estava desarmado, que havia esquecido sua arma no carro. Apenas gritou, "Cara, não atire, não faça isso!". O marido de Rita se virou, e então apontou a arma para Helio, "Não chegue perto!". Hélio parou, com as mãos para o alto. O homem fitou-o por um instante e então disse, "Mas você não é Hélio Mozer, o escritor? Eu sou seu fã cara...".

 "Bem, se invés de uma arma você tivesse meu livro e uma caneta, eu poderia te dar um autógrafo. Mas me diz cara, o que está fazendo com essa arma. Tente relaxar antes de fazer algo que possa se arrepender, que possa estragar sua vida.", "Essa vadia...eu me casei com ela, dei a ela tudo que eu podia dar, e em troca ela só me traiu, com todos, todos!", "Mas cara...se matá-la, você será preso. Vale a pena mofar na cadeia, virar puta de bandidos, por causa de uma vadia que te traiu? Largue ela aí, peça divórcio, e vá ser feliz. Você é um cara bonito, qual mulher por aí que não vai querer um cara como você? Largue esta ingrata aí, não vale a pena desperdiçar seu tempo com ela. Nem fale mais com ela, apenas dê a ela o que ela merece, o seu desprezo. Vá ser feliz cara". O homem então guardou a arma, começou a chorar, e Hélio o abraçou. Os dois se entenderam. O homem agradeceu a Hélio, olhou a mulher uma última vez, e foi embora.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Lembre-se: Comentários são muito bem vindos quando visam acrescentar aos textos mensagens de relevância e de gosto compatível com o texto publicado, mas não o são quando são em tons pejorativos ou de incompatibilidade total com o texto. Agradecemos a compreensão.