domingo, 2 de setembro de 2012

Sábado, 16 de dezembro de 2006


Mui prezada versão mais jovem de mim, saudações!

Escrevo-te porque tenho amor próprio
E, como consequência inexorável, te amo
Assim, quero livrar-te de triste opróbrio
Para que cresças, e não diminuas, a cada ano

Eu sei da tua felicidade neste dia
Era eu aí, em tudo que hoje se passou
Eu sei que correstes pela rua, em euforia
Que teu sorriso, teus olhos lacrimosos, todo mundo notou

Eu sei do correio eletrônico que enviastes
Jurando amor eterno, apesar dos pesares
Mas destino cruel foi definido pelas potestades
E eu dependo de ti, para não me maltratares

Fui capaz de ultrapassar a barreira temporal
Porque me importo contigo e, logo, comigo
O valor que tu darás ao que se passou hoje, para ela será banal
Por isto, esqueça, e viva! Se és meu amigo...

Eu sei, porque eu vivi mais, tens que acreditar
Eu sei o destino de vocês dois
Aquele que detestas logo vai se apartar
E virá outro para onde tu deverias estar, depois!

E tu, meu caro e precioso passado
Chorarás na cama quente do exílio
E um infeliz quadriênio te terá transformado
Numa triste figura sem auxílio

Mas o poder está em tuas mãos
Quem sabe com esta carta, fazes diferente de ti mesmo
Os lábios que beijastes hoje, amanhã te dirão um monte de "nãos"
E tu seguirás amando-a a esmo...

Lembras de quando a perguntastes, dela todo desejoso
Se aquilo logo voltaria a acontecer?
"Quem sabe?", disse ela, ficando tu esperançoso
Eu sei! Até onde/quando estou, isto não veio a suceder

Sei do teu amor puro, e da tua tristeza pela partida
Ao olhar em volta no aeroporto,
Esperando pela derradeira e inesperada despedida
Mas não há escrita certa nesse tracejado torto

Sei que é provável que ao que digo sejas surdo
Mas pelo menos penso que tentei
E juro pelo que sentes e pelo que sinto, este amor absurdo
Que seria melhor para ti se soubesses do que eu sei

Um abraço, meu irmão temporal, desde aqui do Rio de Janeiro, no segundo dia do mês de setembro do ano de dois mil e doze (Sim, tu voltarás!)

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