sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Obliterado às margens do Aqueronte

Com a fronte distorcida sigo em frente
Com o peito esfacelado, avisto o barqueiro Caronte
Sabendo que nada tenho em mente
Sigo caminhando às margens do Aqueronte

Os urros são altos e insuportáveis
A pele queima apenas pelo mormaço
Sofrimento por causa de pecados execráveis
Tortura por incontáveis lâminas de aço

Eu já não me importo com nada
Que sofram os que estão ao meu redor
Que ruminem o cabelo e a carne assada
Pelos motivos que sabem de cor

Sou apenas mais um no submundo
Não houve Beatriz a me salvar
Nem Virgílio ousou pisar neste chão imundo
Com o intuito de, daqui, me tirar

Súbito, uma labareda me aniquila
Fui-me, ardido, a perecer
Obliterado, minha alma agora desfila
E não me perguntem como, neste estado, pude escrever

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