domingo, 18 de novembro de 2012

Wake Up Alone - Parte 2

P - A - T - R - Í - C - I - A. Eu meio que sonhava, enquanto lembrava a maravilhosa noite que tivemos. Meio grogue, abri os olhos e estranhei: você não estava lá. A cama vazia, e eu acordei sozinho. Fui ao banheiro do hotel e lá estava você, na banheira, com o corpo todo submerso, imóvel. Fiquei estático, assustado, e por instantes percebi que não sabia muito de você. Era a primeira vez que transava com alguém na mesma noite que a conhecia, e me assustei. Fui caminhando lentamente até você, e então você emergiu. Respirou fundo, me olhou e resmungou para si mesma, "Droga, oito minutos". É Patrícia, ali tive o primeiro indício de sua paixão, o mergulho. Você era mergulhadora amadora, e tinha como hobby apnéia. Você sorriu para mim, cantarolou "Wake Up Alone" e gracejou, me chamando de dorminhoco e dizendo que eu roncava. Convidou-me para ficar contigo na banheira e se aconchegou em meu peito. Acariciei seu cabelo, e contemplei seu rosto, agora já sem a maquiagem. Você, apesar dos 22 anos, parecia um bebê, e inspirava cuidados. Naquele momento jurei que iria cuidar sempre de você, fiz um juramento para mim mesmo e para os deuses que quisessem me ouvir, e segui à risca este juramento Patrícia. Olhando para seu rosto naquele momento, vi uma lágrima rolar, ou seria uma gota d´água? Ficamos ali, imóveis, você recostada em meu peito e eu te envolvendo com meus braços, até que a telefonista ligou, dizendo que o período havia acabado. Nos arrumamos rápido e saímos. Estávamos na Tijuca. Não sei por qual motivo, mas futuramente você passaria a odiar aquele hotel, e nunca mais voltamos lá. Você sempre foi assim Patrícia, você amava ou odiava sem motivos aparentes, e era firme em suas convicções. Um dia você decidiu me odiar, e me magoou bastante. Mas não durou mais que duas semanas. Mas isso é outra história. Quando saímos do hotel pegamos um táxi, você morava perto, na Tijuca mesmo. O táxi te deixou em casa e segui nele de volta para a praça Saens Peña. Peguei o metrô e fui para Cantagalo. Passei na casa de um amigo que morava ali perto e fomos para a praia, onde contei a ele sobre a louca noite, e permiti que as ondas me enfeitiçassem. Não estava muito sol, e a praia não estava cheia. Eu deitava, o sol fraco me ofuscava os olhos, e cada vez que uma nuvem o cobria eu desenhava seu rosto em minha mente e soletrava seu nome. Você, a partir daquele dia, se tornou meu mantra. Você foi minha benção e maldição Patrícia. E ainda hoje, com mais tranquilidade, medito sobre tudo o que passamos.




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