quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Mil vezes


Vergonha: Se em meu roteiro, não te ensaio!
Auto-piedade: Se em meus versos, não te canto!
Pois se, por mil vezes, não resisto e caio
Em mil e uma vezes, eu me levanto!

Sendo humano, minha tendência é ir ao chão
Mas por esta mesma natureza, devo voar
Pois mesmo que o erro chegue à enésima repetição
Num enésimo momento, com ele aprenderei a lidar

Apesar de tudo, ridicularizamo-nos tolamente
Numa fraternal e patética cegueira velada
Vêm isto do não saber da alma e da mente
Razão da miséria humana, da guerra declarada

Mas se por mil vezes eu descer com o rosto por terra
Não me preocuparei com a celebração do "eu já sabia"
Na milésima primeira vez ainda há quem erra
Levanto meu corpo junto ao ar que subia

E como fumaça de incenso subo às alturas
Sem medo de que, se condensado, desça aos pingos
Por mil vezes experimentei as amarguras
E como Cristo, ressuscitei sempre aos domingos

Celebra comigo a milésima queda
Para comemorar em seguida mil e uma ascensões
De erro em erro acumulo uma moeda
Para comprar um lugar entre os campeões

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