sábado, 2 de junho de 2012

Salve-me - Parte 1


Hélio Mozer estava há cerca de duas horas sentado no balcão do bar, naquela meia-luz, pensativo, pedindo doses e mais doses de whisky, sem gelo. Ao seu lado, um manuscrito de tamanho considerável, tendo como título "Salve-me". Hélio não olhava para o manuscrito, mantinha até uma certa distância, como se o temesse. O que seria?

Hélio era um homem maduro, tinha 35 anos, sem filhos, sem mulher, sem nada que o prendesse a uma vida de quietude, a algum padrão. Era bonito. Alto, cabelos escuros, curtos e lisos, pele clara, barba por fazer. Escritor decadente, já havia tido seu ápice, seu best-seller, que ainda ocupava algumas estantes de livrarias. Tratava-se de um romance, a história não era sensacional, mas era bem escrita. Contava a vida de um homem que se entregou a todos os prazeres da vida até conhecer uma mulher pela qual se apaixonou, abandonando uma vida desregrada para conquistá-la. Esta acaba se casando com um primo rico, e o protagonista se mata, após matar os dois. Mas esta história já era passado,contavam dez anos do lançamento, e desde então Hélio não havia publicado nada que tivesse prestado, só havia tido uma participação rápida como colunista numa revista de atualidades, mas seu estilo não agradou o público alvo, sendo ele então dispensado.

Já estava em seu nono ou décimo Whisky quando Rita se aproximou. Ela sentou ao lado dele, no balcão, mas ele não a notou. Ela então olhou para o manuscrito e leu o título em voz alta. Hélio então olhou para o lado, como quem desperta de um transe, e não pôde deixar de vislumbrar a beleza da mulher que chegara.




Um comentário:

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