Meu peito estufa-se em mais um dia
Sono impera
Mas a ceifa precisa começar
O sol queima-me a pele
É preciso trabalhar
Há tanto joio no meio do trigo
E às vezes é difícil distingui-los
Cortei-me as mãos com a foice
O sangue escorre e cai, em gotas, sobre o solo
Nutre a plantação com a minha vida
Imortaliza-me nas fibras vegetais
A Terra agora é um pouco de mim
O suor atrapalha-me a visão, ao cair em meus olhos
O capataz vem cobrar o trigo esperado
Pois é preciso levá-lo ao moinho
O povo carece de pão
Morre de fome diante do descaso do rei
E eu, pobre miserável, sou o responsável pelo plantio
Trabalho para o povo, em nome do povo
Para atenuar sua fome, sua miséria
Guardo o trigo no curral
Chuto sem querer uma galinha
E quebro-lhe um ovo, por desgraça
Lavo os pés na torneira, e aproveito para banhar-me
O sol se põe
Estou exausto por mais um dia de trabalho na lavoura
Amanhã eu irei continuar...
...apesar das feridas de hoje...
O trabalho, a "seara", o "joio e o trigo", tudo são elementos indispensáveis ao homem porque ao meu ver eles fazem parte das nossas escolhas de vida. Escolhas estas que representam o caminho a segue e consequentemente dando como resultado os frutos esperados, ou seja, a colheita final.
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